Certo, certo. Vamos começar a falar sobre amenidades da vida cotidiana. E por onde melhor começar do que romance? Certo?
Em algum lugar do mundo existe uma garota. Ela gosta dos Beatles e dos Rolling Stones, assim como aquele soldado que morreu no Vietnã. Mas eu digresso...
Tenho certas teorias próprias, uma delas que teoriza que o romance está intimamente ligado com o humor e a alto-estima. Sabe quando seu dia não está lá essas coisas, quando parece que as pessoas te olham torto na rua e tu acaba tropeçando em um cachorro no caminho? Aquela sensação de insatisfação generalizada, de que mesmo após passar o tempo inteiro indo de cá para lá, estudar, trabalhar, seja o que for, aparentemente estamos no mesmo lugar? Estes são sinais que o humor está em declínio, ou já declinado.
E dias, meses podem se seguir e não parecer haver melhoria alguma em relação ao andamento da vida em geral. Quando, absolutamente do nada, surge algo.
E este algo geralmente vêm apresentado com pernas, braços e um sorriso maravilhoso. Uma pessoa que, sem nenhum motivo aparente, se destaca da multidão de silhuetas sem rosto que passam por nós diariamente. Nesse momento começamos a ter uma série de pensamentos relacionados a ela. Quem é? Ou do que gosta? Por que sorri tanto? Será que sofre de alguma doença mental? E mesmo que sofra, é adorável.
Conforme estes pensamentos vão se formando, se elaborando, sem notar, o humor invariavelmente começa a aumentar. Aquela cena clássica do pobre coitado que acorda cedo com um despertador agonizante, levanta da cama e começa a cantar. Sai de casa, pega o ônibus lotado e ainda assim mantém um sorrisinho idiota no rosto. Mesmo nada tendo mudado na rotina dele, ele pensa naquela nova colega de trabalho, e magicamente o mundo começa a ficar um pouco mais colorido. As pessoas na rua não parecem mais tão tristes e ele jura que viu um ou dois sorrisos em meio à multidão.
Se o objetivo da vida for decidido como sendo a felicidade, o romance é uma das maneiras mais simples de se conseguir alguma.
Eu, pessoalmente, senti isso a pouco tempo. Ao pensar no assunto, comparei com a sensação que tive quando era criança, de ir com meu pai até o centro de comércio e vasculhar os jogos de videogame, sabendo que ele compraria um deles para mim. E ainda maior era a mescla de felicidade e expectativa no caminho de volta para casa, sabendo que quando eu chegasse iria ligar o videogame e começar mais uma aventura.
A magia do romance é exatamente essa mistura de felicidade e expectativa. De ficar esperando o momento do dia em que ficará perto daquela pessoa, mesmo que seja apenas no horário de almoço.
Depois de elaborar todo este texto, acho que finalmente compreendo os motivos daquela garota lá do começo. Ela parece se distanciar e se aproximar tantas vezes que até cheguei a pensar que ela tinha algum tipo de prazer sórdido em brincar comigo. Mas é justamente isso! O romance é como uma brincadeira divertida. E enquanto houver o romance, a felicidade estará presente, inseparável. Te fazendo cantar pela manhã e te deixando com sorrisinhos idiotas no rosto. O mesmo sorrisinho de quando eu apertava o botão de ligar do meu videogame.
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