Hey, hey! Estramos em território sensível agora. E se vivestes o suficiente, por certo já recebestes um belo par de chifres de presente de algum, espero, ex-cônjuge.
A analogia com os chifres tem origem incerta. Alguns dizer que começou na Grécia Antiga, quando Zeus se disfarçava de touro para não alertar sua esposa, Hera, quando resolvia dar uma volta na terra procurando um pouco de diversão para adultos. Outros dizem que é derivado de um tal código de honra, da onde quando um homem sofresse adultério ele deveria lavar sua honra com o sangue do traidor ou vestir em público um chapéu adornado com chifres para que todos soubessem que ele não teve coragem de pegar sua honra de volta. Independente da origem, usamos muito essa analogia dos chifres até a atualidade, e convenhamos, é muito engraçado e cômodo!
Quando descobri minha primeira galhada (foram vários de uma só vez) minha reação foi de alívio. Sim, alívio! Por finalmente saber que minhas dúvidas até então tinham fundamento e que agora eu tinha motivo suficiente para sair daquele relacionamento miserável. Mas depois do alívio eu comecei a pensar nos chifres que eu havia dado para outras pessoas. No caso uma pessoa em especial, cuja traição da minha parte demorei para superar e perdoar.
Só havia uma diferença: quando cometi a traição eu era jovem demais, com coisas demais na cabeça e sem nenhuma experiência de mundo. Já quando fui traído, tanto eu quanto a pessoa traidora já tínhamos plena consciência de tudo que envolve a confiança. Não foi um mal-entendido, nem um erro por inexperiência: foi pura sacanagem mesmo.
Mas se eu chegasse a contar para a pessoa que eu traí no passado que fui traído agora, ela provavelmente iria sentir uma espécie de 'justiça poética' e diria, por exemplo "-Bem feito! Agora tu sabes como é!". No meu mundo eu não desejaria algo assim para qualquer pessoa. Continuar pagando na mesma moeda até quando? E para quê? Tanto que a algum tempo, tentai o meu melhor para compensar os erros que cometi com aquela pessoa que traí a tanto tempo atrás. Fiz tudo ao meu alcance para demonstrar que não foram boas as escolhas que fiz em relação a ela no passado e que estava disposto a me perdoar e ser perdoado por ela. Tudo estava, na medida do possível, indo bem, quando recebi a mensagem segundo a qual "-Conheci outra pessoa". É claro que fiquei chateado e até enraivecido com dado desfecho, mas continuei aprendendo mais e mais sobre confiança e traição desde então. E hoje não vejo que bem faria para mim que ela sofresse a mesma coisa. Não desejo fazer a mesma coisa para ela pelo puro prazer de enunciar o tão infame "-Bem feito! Agora tu sabes como é!". Muito pelo contrário! Desejo que isso nunca aconteça a ela!
Resumindo, posso ser classificado com um retardado emocional dadas minhas reações exageradas às vezes, mas amadureci o suficiente para encarar meus erros do passado e os erros das outras pessoas comigo exatamente como são: erros. Intencionais ou não, sempre estamos sujeitos a péssimo julgamentos, e nem por isso deixamos de ser pessoas boas. Eu sou uma pessoa boa. E tu?
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