terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Troca Equivalente

Todos provavelmente conhecem o princípio primeiro da alquimia - a troca equivalente: nada pode ser adquirido sem que antes algo de igual valor seja oferecido em troca. 



Tenho minhas dúvidas quanto a esse princípio ser válido para todas as coisas, mas ele pode ser aplicado em diversos casos onde haja dúvida do tipo 'vale a pena?': -Quero comprar um carro, mas o valor está acima do preço normal do mercado. -Sou um ótimo profissional! Mas o salário que me ofereceram para trabalhar lá é muito baixo para alguém com as minhas habilidades. -Eu a amo, porém ela não sente o mesmo por mim. Todos estes são exemplos onde a troca equivalente lhe diz que seria uma má ideia seguir adiante. Isso mesmo! Ela pode ser aplicada inclusive nos casos não-monetários. Estou tentando desenvolver o raciocínio segundo o qual o princípio da troca equivalente pode e deve muitas vezes ser usado nas situações que envolvem sentimentos e relações inter-pessoais.


Estou conhecendo uma pessoa que realmente me encanta. Pouco tempo atrás, durante uma conversa nossa sobre o fim do relacionamento, eu a disse que ainda não havia pensado na situação de cortarmos um da vida do outro, e muito menos me preparado para isso. A resposta dela me deixou muito pensativo: "-Eu pensei diversas vezes, inclusive tornei realidade em minha mente, e pra falar a verdade, não me importei muito."


Fiquei bastante consternado e acabei chegando no princípio primeiro da alquimia, visto que tenho certeza que ao menos eu iria me importar. Corro o risco de ser um romântico nato ou uma pessoa com o lado sentimental mais aflorado, mas dado que o relacionamento entre nós me faz bem, me deixando mais feliz, eu não gostaria que ele acabasse. E tendo ele acabado, eu seria o único a sentir a tristeza, já que para ela pouco importa. Essa não é uma troca equivalente. Ela poderia até sentir o mesmo que eu quanto à felicidade que o relacionamento nos traz, porém se ela não sentir a dor do afastamento, a felicidade geral da experiência que tivemos será maior para ela. Eu ainda teria que subtrair da felicidade que ela me proporcionou a tristeza da separação. Já pensei na possibilidade de 'amadurecer' e parar de sentir a dor da perda, mas eu simplesmente não consigo. Pode até ser algo que venha naturalmente para algumas pessoas. Não para mim.


O que eu gostaria mesmo é de saber que importo para alguém. Eu me importaria com ela também e teríamos uma troca equivalente. Não preciso nem entrar no mérito do valor do amor numa troca equivalente. Isso seria desnecessário devido à complexidade de um conceito desse tipo e do pouco esclarecimento que ele poderia trazer à discussão. Mas valores mais simples como confiança, afeição, conforto e importância podem ser usados e avaliados em uma ótica 'alquímica'.

Agora a única questão que resta para mim é se realmente deveria dar ouvidos ao que me diz a lei da troca equivalente e evitar a perda unilateral futura, ou aceitar que a troca não é de fato equivalente, mas isto não é um problema.

Esse é o teatro da vida!

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